Sara Messias

o Holocausto Africano 

A Maafa deve ser levada para o dia 20 novembro, Dia da Consciência Negra e agora vou explicar o porquê. 
MAAFA: Um olhar sobre a história do Holocausto Africano ou Holocausto da escravidão. Você já parou para pensar sobre isso? 

 
Quando eu refletia sobre a escravidão no Brasil e no mundo, era como se nada tivesse algum sentido. A palavra “escravidão” não criava alguma repugnância, isso causava-me estranheza. 

Como era possível se falar de uma violência sem limites, torturas físicas e psicológicas, estupros, massacre e genocídio da população preta e indígena... e não dava perceber alguma empatia na voz ou no rosto do interlocutor? Seja ele um repórter, um educador ou até mesmo pessoas que nos relacionamos no quotidiano. 
Tamanha era a indiferença, que para mim causa um certo incómodo. A palavra escravidão perde o seu poder, talvez por ser era colocado em um passado ainda tão atual.

 Essa reflexão me levou a interessar-me mais sobre da escravidão sofrida pelos nossos ancestrais no Brasil. Fiz muitas pesquisas e para tentar compreender o porquê que o nosso passado é tão banalizado. 

Na verdade, o uso da palavra escravidão caiu na generalização da mesma.


A escravidão foi algo que aconteceu na grande maioria das nações, na totalidade, no mundo. E como relata a própria bíblia, até mesmo antes do nascimento do Cristo, esse sistema em que uma pessoa podia ser definida como propriedade de outra pessoa era comum, quase nenhum continente ficou livre desta prática universal. Outra questão que me chamava muita atenção, era porque que o Holocausto Judeu, recebia maior atenção e cuidado. 

Eu vivo na Itália há 14 anos e aqui, o mês de janeiro é dedicado as vítimas do Holocausto Judeu. 
A minha filha quando frequentava a escola primaria já tinha estudado O Diário de Ana Franklin.No dia 27 de janeiro, dia das memórias as vítimas do Holocausto Judeu, o tema era levado de forma ainda mais abrangente, palestras, livros, documentários, tv, filmes. 

Enfim, era dada uma importância mais que merecida, nenhum ser humano deve viver atos monstruosos como o ocorrido com o povo judeu. O meu interesse cresceu. Porque, a nós afro-brasileiros, população africana e descendente africano, população indígena, o nosso passado não recebe o mesmo tratamento de respeito, passa até por memes que minimiza o nosso sofrimento. 
 

As minhas pesquisas continuaram e embati-me em Marimba Ani, Socióloga e escritora afro-americana. Ela nos seus estudos percebeu a necessidade de abandonar a palavra escravidão ou colocar unida a palavra Holocausto. 

Assim tudo passou a fazer sentido para mim. A palavra Maafa, ressignifica a nossa dor e estando essa a língua swahili, uma antiga língua proveniente de povos bantos no continente africano que significa “acontecimento terrível”, assim como a palavra hebraica "Shoah" ambas são equivalentes à palavra Holocausto. 
A palavra em si, define de forma ampla o nosso passado tão doloroso e ainda presente no nosso cotidiano. Pois nesta está intrínseca a palavras como genocídio, escravização, torturas e tantas outras barbaridades.
 Infelizmente, essas formas de opressão ainda persistem em todo o mundo, prejudicando a população negra em África e em outras partes do planeta, e no caso do Brasil abrange também a população indígena do nosso País. Guiada por tais estudos, decidi dar a minha contribuição para o resgate da memória do povo africano no Brasil. 

E porque não o fazer começando com um personagem hoje considerado mitológico, que se chama Aqualtune.

 E você? Já tinha ouvido falar sobre a palavra Maafa, ou sobre o Holocausto Africano?Aproveite e siga as minhas páginas para não perder nadinha.

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