ENTREVISTA EXCLUSIVA
Gil Kozicka
Entre Pincéis e Fronteiras: A Arte Nordestina de Gil Kozicka Ganha Espaço Internacional
A RBCE Network tem a honra de apresentar uma entrevista exclusiva com Gil Kozicka, uma artista cuja trajetória transcende geografias e sentimentos. Mais do que uma brasileira vivendo no exterior, Gil transforma vivências em arte potente — obras que carregam identidade, emoção e pertencimento. Sua pintura não apenas representa o Brasil: ela conecta culturas, desperta diálogos e conquista públicos em diferentes partes do mundo com um estilo que é, ao mesmo tempo, visceral e universal.


Gil Kozicka
"Amor. Sempre acreditei no amor. A experiência foi e é intensa, porém aprendo a me adaptar com outras culturas, e tento a pertencer a Escócia todos os dias."
Gil Kozicka
Raízes que Pintam o Mundo

As Primeiras Influências de Gil Kozicka
Gil Kozicka tem 46 anos e construiu suas raízes afetivas e culturais em Olinda, Recife e Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no estado de Pernambuco. Embora tenha nascido em São Paulo, foi no Nordeste que se moldou como pessoa e, sobretudo, como artista. A intensidade da cultura nordestina — com suas cores, símbolos e histórias — atravessa toda a sua obra. Formada em Relações Públicas pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Gil sempre enxergou na arte uma linguagem autêntica de expressão. Durante muitos anos, a pintura foi uma atividade paralela à sua vida profissional e familiar. No entanto, o desejo de viver da arte e por meio dela nunca deixou de pulsar. Sua jornada internacional teve início aos 35 anos, quando se mudou para a Alemanha. Porém, foi em 2019, já estabelecida na Inglaterra, que decidiu assumir-se como artista profissional. Esse foi o ponto de virada de sua trajetória. Gil participou da feira cultural Easton Arts Trail e integrou uma exposição coletiva no prestigiado Leigh Court, em Bristol — eventos que marcaram sua entrada no circuito artístico europeu. Desde 2020, ela vive na Escócia. Em Edimburgo, ingressou na Leith School of Art, onde aprofundou seus estudos em desenho e pintura. Apesar da formação acadêmica no exterior, Gil preservou sua identidade artística com base na valorização da cultura brasileira, especialmente nordestina. Seu estilo é marcado por cores vibrantes, traços expressivos e temáticas que dão visibilidade a personagens e sentimentos muitas vezes silenciados.

Motivação e Coragem: Como Gil Kozicka Transformou Desafios em Arte
“Minha melhor conquista foi entender que o pior obstáculo somos nós mesmas quem produzimos. Depois que entendi isso, fui em busca dos meus sonhos, com foco no que eu controlo.” Como mulher estrangeira na Europa, ela vivencia desafios constantes: a adaptação cultural, a barreira do idioma, a solidão e o esforço diário para sentir-se pertencente. “Ser estrangeira é ter desafios todos os dias”, afirma com franqueza. Ainda assim, escolhe não se paralisar. “Não desista do que você acredita. E se tiver medo, vá com ele mesmo.” O olhar de Gil sobre o mundo também se transformou com a experiência migratória. Um dos principais aprendizados foi perceber como o pré-julgamento limita conexões e impede experiências. Essa sensibilidade molda tanto sua arte quanto sua relação com as pessoas. A decisão de emigrar foi movida pelo sentimento mais profundo: o amor. “Sempre acreditei no amor. A experiência foi — e ainda é — intensa. Mas estou aprendendo a me adaptar e a pertencer à Escócia todos os dias.” Desde então, uma de suas maiores realizações foi se afirmar como artista profissional.
Seus objetivos pessoais e profissionais estão hoje fundidos em uma busca contínua:
“Aprender e aprender mais — e nunca mais parar de aprender.”
“Aprender e aprender mais — e nunca mais parar de aprender.”

“As Mulheres do Sertão”Arte como Homenagem e Representação
“As Mulheres do Sertão”
Entre suas criações mais impactantes está a série “As Mulheres do Sertão”, que retrata a força, a beleza e a resistência das mulheres nordestinas. Com essa coleção, Gil busca dar voz a personagens femininas que muitas vezes não têm espaço no imaginário tradicional da arte. Por meio de narrativas visuais vibrantes e simbólicas, ela presta um tributo à terra que moldou sua identidade.
Essa série será o centro de sua próxima exposição, no dia 3 de junho, durante a inauguração oficial do novo espaço cultural do Consulado-Geral do Brasil em Edimburgo. Ao lado da curadora e artista Patrícia Evangelista, Gil terá a honra de abrir esse projeto com mais de 10 obras em exibição. A mostra ficará aberta ao público por 30 dias, acessível aos visitantes do consulado.

Mulheres que Cruzaram Oceanos,
Expandindo sua atuação para além das artes visuais, Gil também é uma das coautoras da coletânea Mulheres que Cruzaram Oceanos. O livro reúne relatos de 26 brasileiras que emigraram e enfrentaram os desafios de reconstruir suas vidas fora do país. Gil não apenas compartilha sua história na obra, como também foi responsável pela criação da capa, conectando texto e imagem em uma representação sensível da migração feminina.
– 30 de maio, em Vila Real, Portugal
– 3 de junho, em Edimburgo, Escócia, junto à inauguração da exposição
– 5 de junho, em Londres, Inglaterra
O livro está sendo lançado atualmente em três cidades:
– 30 de maio, em Vila Real, Portugal
– 3 de junho, em Edimburgo, Escócia, junto à inauguração da exposição
– 5 de junho, em Londres, Inglaterra
O evento em Edimburgo foi particularmente simbólico, por unir duas linguagens — a arte visual e a literatura — em um mesmo momento de celebração da identidade brasileira no exterior.
A exposição e o livro representam não apenas conquistas pessoais de Gil, mas também o início de uma nova fase cultural promovida pelo consulado, que pretende dar continuidade ao projeto com outras mostras e publicações.
A trajetória de Gil Kozicka é, acima de tudo, um lembrete de que a arte pode ser abrigo, voz e ponte. E que, com coragem e sensibilidade, é possível transformar vivências em obras que tocam o mundo.
Ela encerra com uma mensagem que traduz sua força, e que pode servir de guia a quem busca coragem para seguir seus próprios caminhos:
“Nunca deixe que seja você o seu pior inimigo.”