
Kezia Kos
“E assim a gente vai vivendo a vida, escrevendo uns causos, vivendo a vida intensamente, sem nunca esquecer que a diferença entre uma casa e um lar é quem senta na mesa com você. E quem escolhe quem fica ou sai da mesa sempre vai ser você.”
Rbce Network
ENTREVISTA EXCLUSIVA
De São Paulo para o mundo, Kezia Kos teve um fascínio inabalável pelas histórias que permeiam as famílias. Inspirada por sua própria história familiar, a autora tece uma trama rica em detalhes e personagens inesquecíveis, levando-nos a questionar as verdades que nos foram contadas e a refletir sobre a importância da memória para a construção da nossa identidade.
Ola, meu nome é Kezia Kos, sou uma Paulistana que atualmente reside em Frankfurt, Alemanha.
Apesar de ter completado o meu Bacharelado em Tradução em Inglês e Francês em São Paulo, sempre trabalhei na área de imigração. Em paralelo, estudei um curso de Especialização em Psicanálise que me preparou para trabalhar na escrita de meus próprios livros, os quais lancei pela editora Ukiyoto em dezembro de 2022. Meu primeiro livro da série Kintsugi foi lançado em dezembro de 2022, e o segundo em julho de 2023. As traduções dos mesmos estão em fase de revisão.
O terceiro está em fase de revisão e tenho esperanças de finalizá-lo até o fim do ano.
Venho de uma grande família com primos, primas, tios, tias e agregados de primeira, segunda e terceira geração cujos nomes se misturam ao ponto de confusão. Entre Marianas, Julianas, Fabianas e Tatianas, sou apenas uma Kezia. E mesmo assim quando a primaiada se juntava, ninguém acertava o nome de ninguém. Fui criada em um ambiente extremamente conservador, cristão, submisso às regras da família e igreja. Mas apesar de tudo isso, acabei encontrando refúgio nos livros.
Estes mesmos livros me permitiram sonhar com uma vida fora do circuito casa-escola-igreja, e aos doze anos eu já tinha anunciado que moraria fora do país. Diante da incredulidade da minha mãe, encontrei apoio silencioso do meu pai, que concordou em financiar minhas aulas de língua estrangeira. Diante da obstinação que ele encontrou nos meus olhos, ele ignorou a incredulidade da minha mãe e silenciosamente empurrava diferentes livros dos mais variados assuntos por baixo da mesa para saciar a minha curiosidade sobre literatura, geografia, história, política, ou qualquer outro assunto que ele considerasse interessante.
Depois de inglês, estudei espanhol, francês, italiano, e alemão, e graças às portas abertas por esses estudos, hoje vivo e trabalho na Alemanha.
Foram muitas noites mal dormidas, trabalho duro, sextas feiras sozinha, sem amigos, sem família, estudando até tarde ou trabalhando até de madrugada, longe da família, comendo o pão que o diabo amassou, mas hoje o céu tá azul.
Em algum momento a vida melhora, e você percebe que sim, hoje é a realidade que aquela menina sonhava ao contar os aviões voando no céu de sua janela na Avenida São João.
kEZIA kos