Rbce Network 
ENTREVISTA EXCLUSIVA 
Margareth Bruno

Margareth Bruno
"Nunca desista dos seus sonhos. Seja paciente e persistente, sempre respeitando as estações da vida."

Jornalismo, Literatura e Resistência: Um Legado Escrito com Amor


  Nesta entrevista especial para a RBCE Network, mergulhamos na inspiradora trajetória de Margareth Bruno — jornalista, escritora, mãe, mulher autista e nordestina que encontrou na palavra escrita não apenas uma profissão, mas um instrumento de transformação, resistência e afeto. Com uma carreira marcada pela sensibilidade e pela coragem, Margareth compartilha os momentos que moldaram sua vida — desde os desafios silenciosos até as conquistas literárias que ultrapassaram fronteiras. Sua caminhada é guiada por fé, amor e valores inegociáveis, e seu legado se constrói entre letras que acolhem, curam e inspiram. Uma história escrita com o coração, que convida o leitor a acreditar na força dos sonhos e no poder da palavra.


Das Primeiras Páginas ao Reconhecimento:
Uma História de Fé e Superação


  Como escritora, jornalista, mãe, nordestina e mulher autista, sua trajetória é marcada por capítulos intensos de superação, coragem e fé. Cada etapa da vida carrega consigo a força de quem não apenas sonha, mas insiste em escrever sua própria história com tinta de verdade e papel de propósito. Um dos primeiros marcos dessa jornada foi o início da carreira na comunicação institucional, ainda como estagiária no Instituto Federal Fluminense. Essa experiência não só fortaleceu sua paixão pela comunicação, como também firmou as bases de um propósito maior: comunicar com alma, escuta e responsabilidade. Ali nascia, ainda em processo, uma comunicadora comprometida com o poder da palavra. O diploma de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, veio como um troféu de resistência. 
  Foram anos de desafios, dúvidas e lutas silenciosas, especialmente durante a monografia. Mas cada noite de estudo e cada lágrima engolida renderam um grito de vitória que ecoou muito além das paredes da sala de formatura. O diploma não era apenas um papel, mas uma prova viva de superação. As conquistas não pararam por aí. A homenagem com a Comenda Mulheres de Destaque e Honra, concedida pela Associação Internacional dos Embaixadores da Paz no Brasil, confirmou o impacto de sua trajetória e o reconhecimento de sua voz em meio a tantas.
  
Em 2024, um sonho antigo tomou forma: os primeiros livros foram publicados. Lila: A Nuvenzinha que Descobriu a Alegria de Chover e Fragmentos: Palavras no Silêncio da Noite marcaram o início de uma nova fase: a da autora que escreve com a alma, traduz sentimentos e toca corações. Cada palavra é fruto de vivências profundas, de dores que viraram força e de silêncios que se transformaram em poesia. Já em 2025, sua escrita atravessou fronteiras. Participar do Salão Internacional do Livro em Genebra — ainda que à distância — e receber o prêmio Suisse Excellence Littérature Network 2025 foi um marco de alcance internacional. E a emoção se multiplicou ao ver Lila como finalista do Prêmio Laurel Verbum de Literatura, na categoria infanto-juvenil. Mais dois livros somaram-se à sua trajetória: Dudu e o Dente de Leite e Jesus: Uma História de Amor e Salvação. Em cada lançamento, uma nova vitória, uma nova semente plantada no terreno fértil da literatura que educa, consola e inspira.

Da Comunicação à Literatura:
 A Força de quem Escreve com a Alma


 Profissionalmente, construiu uma carreira sólida e multifacetada. Atuou como jornalista em veículos impressos e digitais, em assessorias de comunicação institucionais e corporativas, elaborando conteúdos para redes sociais, realizando reportagens e promovendo a imagem de instituições. A dedicação à escrita criativa e à formação contínua com pós-graduações em áreas como Escrita Criativa, Neurociências, Filosofia, Linguagem e Psicanálise refletem o compromisso com a educação, a sensibilidade e a escuta. 

 Os projetos autorais também ganharam espaço e voz: Canal A Leitura: A Vida é um Livro no YouTube e Spotify, e o podcast Pod Ouvir Histórias e Livros são ferramentas de democratização do acesso à literatura, incentivo à leitura e conexão com a sensibilidade do outro. Mas nem tudo foram flores. Publicar o primeiro livro aos 40 anos, sendo mulher autista e nordestina, exigiu coragem para enfrentar os próprios medos e o olhar duvidoso do mundo. Por vezes, a sensação de estar “começando tarde demais” foi um obstáculo emocional, mas a escolha de persistir revelou uma força interior imensa. O diagnóstico tardio de autismo, em vez de limitar, libertou: trouxe compreensão, acolhimento e autoconhecimento. Foi um reencontro com a própria identidade. Também enfrentou o luto devastador pela perda do pai — uma dor que marcou sua alma, mas que foi transmutada em fé, palavras e coragem para continuar. Dores como essa atravessam, mas também transformam. Lidar com o preconceito por ser nordestina no sudeste é outro desafio que persiste, mas que ela aprendeu a transformar em resistência, orgulho e luta por justiça. Sua voz carrega sotaque, raízes e dignidade. Cada colaboração em sua trajetória — pessoal, institucional ou literária — foi um capítulo importante na construção de uma profissional sensível, ética e comprometida. A impaciência, a confiança desmedida e a autossabotagem foram erros que deixaram marcas, mas também lições. Hoje, ela reconhece cada falha como ferramenta de crescimento. Seus valores permanecem inegociáveis: justiça, paz, verdade, amor e bondade. Esses princípios norteiam sua missão de vida e sua atuação em todas as frentes. Ainda vivendo no Brasil, planeja, talvez um dia, morar fora do país — não por fuga, mas pela busca de oportunidades e educação para os filhos. Não por ausência de raízes, mas por desejo de abrir caminhos.

A mensagem que deixa ecoa como um chamado à esperança: "Nunca desista dos seus sonhos. Seja paciente e persistente, sempre respeitando as estações da vida." 

Cada palavra escrita é também uma semente de transformação. E sua história, ainda em curso, é prova de que viver com propósito, fé e amor é a forma mais poderosa de deixar legado.

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