Rosiani Sá de Almeida
Entrevista

Vim para a Europa com 24 anos, há 35 anos atrás. Imigrar não foi uma escolha premeditada, eu conheci o meu marido no Brasil. Ele estava de férias no Rio, nos apaixonamos, depois de dois meses vim visitar a Suíça e após seis meses nos casamos aqui na Suíça.
Eu vim pelo coração, então a princípio não tive noção de todas as consequências que é mudar de país.
Primeiramente, o choque sonoro: Como vim de uma cidade grande, barulhenta, morar em numa cidade tão silenciosa como Zollikoffen, Berna, me impactou muito.
O segundo, o ar da minha cidade têm muita humidade, por ser situada à beira mar, aqui é muito seco e eu senti na pele o ressecamento daqui.
Como o meu marido já falava muito bem o português e conhecia a comunidade brasileira local, ele não me facilitou a aprendizagem do idioma alemão e da cultura Suíça. Como fui muito bem acolhida pela família do meu marido, original do Cantão deFribourg, de língua francesa, tive a motivação de aprender o francês, para me comunicar com eles.
Uma das minhas estratégias para aprender o francês, era tentar um diálogo com as pessoas nas minhas longas viagens de trem de Berna a Zurique, nas minhas visitas semanais à minha irmã.
A minha maior realização, acredito a mais importante de todas foi ser mãe, Richard, ele tem hoje 33 anos, é casado e pai de dois filhos e François, com 30 anos, casado, são a minha maior realização como mulher e ser humano.

A saudade da minha Terra me levou a descobrir e desenvolver a minha paixão pela culinária brasileira. Sempre fui muito criativa.
Comecei fazendo pequenos trabalhos de costura para as amigas. Após um tempo comecei a presenteá-las com bolos e tortas de aniversários.
Os elogios me incentivaram a comercializar o meu trabalho. O fato de ser autodidata me proporcionou desenvolver as diferentes técnicas de confeitaria, assim como todos os diversos salgados que não podem faltar nas festas brasileira.
O meu carro chefe é a coxinha e a deliciosa feijoada brasileira. Já tive juntamente com dois sócios um Catering chamado “Noites Cariocas”, já participei de vários eventos culturais de rua, restaurantes e salões, representando a cultura brasileira.
Hoje, me tornei empreendedora tenho minha própria empresa “Delícias da Rosiani”, e participo dos “Fisrt Friday”, na cidade velha de Bienne, com minha barraquinha de especialidades.

Somando a isso gosto e ministro cursos, através dos quais posso compartilhar meus conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da minha carreira como chefe de cozinha.
Eu gostaria de dizer a todos os brasileiros que, viver a sua identidade brasileira em outro país é tão necessário quanto a integração no mesmo.
A adaptação é individual, lenta, necessita paciência e perseverança. Lembre-se sempre que você tem algo de especial, além da sua experiência de vida em um país tão rico como o Brasil, que é a alegria e o sorriso contagiante, qualidades essenciais para este país que o acolheu.
Esteja aberto para aprender e compartilhar!